Acho que é melhor nem pensar....
11.11.20, Paula Veiga Claro
Vocês sabem que eu adoro ir ao baú. Hoje andei a esgravatar e descobri esta memória tão boa do nosso S. Martinho em 2013. Andávamos pelo meu Alentejo a apanhar nozes, castanhas e dióspiros. A Rafaela segurava o alguidar e por ali andava (sempre a esvoaçar) com este sorriso delicioso atrás de nós e dos avós. Lá no nosso campo temos estas maravilhas ao alcance da mão (um luxo!) mas aqui temos de rumar à mercearia/supermercado para satisfazer os vícios.
Contudo, nos tempos em que éramos livres, os meus pais também vinham várias vezes a Lisboa e traziam-nos estes miminhos da natureza. E agora? Agora, apesar dos contactos diários por via digital, sinto que 2020 veio tornar as distâncias ainda mais longas. Neste momento, dou por mim a pensar se conseguiremos lá ir passar o Natal e o aniversário da Rafaela (ahhh pois, esta carinha laroca entra oficialmente na adolescência no dia 26 de dezembro!).
Enfim, acho que é melhor nem pensar...
Na era da incerteza o melhor é dominar a mente para não mergulharmos em pensamentos que nos causam ainda mais ansiedade.
Só sei que hoje vale a pena refletir sobre a lenda do cavaleiro gaulês que, durante uma forte tempestade, retirou das costas o manto que o aquecia, cortou-o ao meio com a espada e deu-o ao mendigo que pedia esmola na estrada. Nesse momento a tempestade deu lugar a um sol radioso.
Atualmente também estamos a precisar de um milagre. A tempestade vai ser longa mas o pensamento positivo tem de prevalecer, a par com a solidariedade, o respeito e a resiliência.